Hoje me deparei com um estudo fascinante sobre as interpretações do âmbito da escatologia. E, ao mergulhar nesse universo, percebi que dentre as inúmeras perguntas que surgem para os estudiosos desse campo, uma se destaca como a mais importante: qual é o método utilizado para interpretar as Escrituras proféticas?
Mas calma, meu objetivo aqui não é fazer uma crítica ou questionar nenhum pensamento. Pelo contrário, quero proporcionar um momento pedagógico, onde possamos explorar e adquirir conhecimento. Preparado?
Vamos embarcar nessa jornada de descobertas!
Pré-tribulacionista: Esta corrente afirma que o Senhor Jesus arrebatará sua Igreja antes da Tribulação de sete anos (Jo 14.1-3; 1Ts 4-5). Segundo Tim Lahaye, aqueles que “interpretam a Bíblia literalmente encontram razões fortes para crer que o arrebatamento será pré-tribulacional”. O ensino a respeito do arrebatamento é uma doutrina fundamental, porém, o povo de Deus não precisa estar dividido quanto a tal assunto. O importante é que Jesus voltará para buscar a sua Igreja. É importante ressaltar que a corrente pré-tribulacionista está mais de acordo com o livro de Apocalipse (Ap 4.1-2). Para os pré-tribulacionistas os crentes serão guardados da Tribulação. Segundo esta corrente o propósito da Tribulação não é preparar a Igreja para estar com Cristo, mas, preparar Israel para a restauração do plano de Deus.
Pré-Milenismo Dispensacionalista: divide a volta de Cristo em duas fases, sendo uma secreta para a Igreja e outra visível a todos após um período de sete anos de Grande Tribulação para estabelecer o reino milenar e literal de Cristo na terra. Existe também o Dispensacionalismo Progressivo, que semelhante ao Pré-Milenismo Histórico, defende a volta de Cristo em um único evento e a após a Grande Tribulação. Essa posição está ganhando força nos últimos anos, principalmente entre as denominações que adotam o Dispensacionalismo Clássico, mas que começam a perceber algumas incoerências teológicas nesse sistema, e acabam “migrando” para o Dispensacionalismo Progressivo.
Pós-Milenismo: defende que a volta de Cristo ocorrerá após o Milênio, e que esse Milênio será instituído com uma evangelização global, onde a maioria das pessoas do mundo serão cristãs. Grandes teólogos e pregadores na história da Igreja ensinaram o Pós-Milenismo, entre eles João Calvino (Provavelmente), Jhon Knox, Jhon Owen, Jonathan Edwards, Charles Hodge e outros.
Amilenismo: defende que a volta de Cristo será após a Grande Tribulação em um evento único e visível a todos, para estabelecer o estado eterno, ou seja, não haverá um período futuro de mil anos literal do reino de Cristo na terra. Embora a expressão “Amilenismo” significa “sem milênio”, essa definição não condiz com o que essa visão escatológica defende. O Amilenismo crê em um Milênio, porém acredita que esse Milênio não se trata de um período literal de mil anos, mas de um período que se iniciou com a Primeira Vinda de Cristo na terra, ou seja, o Milênio é um reino espiritual que acontece com a Igreja na terra e os salvos que já morreram no céu. Na revista foi afirmado que o Amilenismo se encaixa exclusivamente dentro da interpretação Idealista (ou Simbolista) do Apocalipse, porém isso não é verdade. O Amilenismo defende a interpretação simbólica do Milênio e de outras passagens que claramente se tratam de simbologia no livro de Apocalipse, porém também defende a historicidade de vários eventos, principalmente no contexto histórico em que o livro foi escrito, e as profecias que ainda irão se cumprir, como um período de Grande Tribulação, o surgimento de um Anticristo escatológico e, o mais importante, a Segunda Vinda de Cristo. Em nenhuma hipótese o Amilenismo considera a volta de Cristo e o Arrebatamento da Igreja como algo simbólico e não literal. O Amilenismo (mesmo que com algumas diferenças) foi defendido por notáveis líderes e teologos como, Agostinho, Martinho Lutero, Abraham Kuyper, Herman Bavinck, G. Vos, L. Berkhof, Anthony Hoekema, William Hendriksen e outros.
J. Dwight Pentecost, diz que: A importância do estudo. "A necessidade primordial de um sistema hermenêutico é averiguar o significado da Palavra de Deus." (Bernard RAMM, Protestant biblical interpretation, p. 1) É óbvio que concepções tão amplamente divergentes como pré-milenarismo e amilenarismo e pré-tribulacionismo e pós-tribulacionismo não podem ser todas corretas. Já que o intérprete não está manejando um livro de origem humana, mas a Palavra de Deus, deve munir-se de um método preciso de interpretação, caso contrário o erro será o resultado inevitável de seu estudo. O fato de que a Palavra de Deus não pode ser corretamente interpretada a não ser por um método correto e por regras lógicas de interpretação confere a este estudo sua suprema importância. (J. Dwight Pentecost, Th.D. "Manual de Escatologia".
J. Dwight Pentecost, diz que: Embora diversos métodos de interpretação das Escrituras tenham sido propostos no decorrer da história da interpretação (Cf. Milton S. TERRY, Biblical hermeneutics, p. 163-74, em que se observam métodos como o haláquico, o hagádico, o alegórico, o místico, o conciliatório, o moral, o naturalístico, o mítico, o apologético, o dogmático e o histórico gramatical.), existem hoje apenas dois métodos com influência vital na escatologia: o alegórico e o histórico-gramatical. O método literal é geralmente tido como sinônimo do método histórico-gramatical e será usado ao longo deste debate. Esses dois métodos serão considerados detidamente. (J. Dwight Pentecost, Th.D. "Manual de Escatologia".
Acredito que a escatologia seja um assunto fascinante, capaz de despertar nossa curiosidade e nos fazer refletir sobre a grande volta de Cristo. É importante lembrar que, mesmo que tenhamos diferentes pontos de vista, devemos nos unir em vez de nos dividir. Respeito a importância teológica desse tema e, ao expressar minha opinião, faço questão de ser respeitoso. Que Deus nos abençoe!
Referências Biográficas:
Elinaldo Renovato, "O fim de todas as coisas" Revista da Cpad de 2016.
J. Dwight Pentecost, Th.D. "Manual de Escatologia"
Gutierres Fernandes Siqueira, "Apostilha As Escolas Escatológicas".
Comments